Bioconstrução holística amazônica
Gaia d´barro 2.0
Por Susan Guerter para O VOTO jornal comunitário
Segue o link original


Pisando a mistura de terra com cipó aquático e água para compactar
Com gosto pisam pés e mais pés em rodas e mais rodas para compactar o barro - Marlene Molina Soto, artista chilena, residente desde 2018 no bairro Esperança, perto da igreja Nossa Senhora Desatadora de Nós, Alter do Chão, convidou para a primeira Jornada Formativa do projeto Gaia d' barro 2.0 que ensinará os participantes construir com barro. Marlene chama suas aplicações e técnicas, adaptadas e desenvolvidas por ela, de Bioconstrução Holística. Seu projeto foi contemplado num edital de Cultura Digital da Lei Paulo Gustavo Estado do Pará Brasil. O Sábado era de lua cheia em Virgem quando o grande espírito Ngechen permitia que os participantes aprendiam, socializaram e praticaram trabalhar o barro, colocando a mão na massa. Marlene une além de um olhar contemporânea sobre a prática ancestral de trabalhar o barro também ideias da Pemacultura. Aposta na força e nas realizações pessoais e coletivas.




Com o barro já compactado se reunirem bolas e mais bolas para virar uma única parede.
Vamos fazer igual as cabas!
diz Marlene! E os mãos hábieis formam uma bolota achatada que depois se junta uma ao lado da outra prensada na tela previamente esticada onde logo, logo será uma parede de barro. Mas antes da prática um pouco de teoria.
Bioconstrução holística


Alegre, confiante e reciclado, a bioconstrução à la Marlene une praticidade com sustentabilidade
Intuição feminina, observação, pesquisa e aprendizado constante levaram a "Trindade do Barro" como Marlene chama o seu método que une barro do próprio terreno, fibras aquáticas dos igarapés do Caranazal e água. Os três elementos formam as paredes lisas com um mínimo de interferência humana da sua residência. Marlene já morou como nómade entre 2016 e 2018 em Alter do Chão e começou no ano 2018 sua casa estilosa só com esteios e um telhado. Desde lá aperfeiçuou suas técnicas. Usa como "osso" ou "esqueleto" da sua parede uma tela esticada que ela combina com todo o material reciclado que lhe agrada e ajuda materializar sua visão. Incorpora, especialmente onde quer estruturas mais livres materiais achados. Desenvolveu essa ténica depois uma primeira experiência não tão bem sucessedida. Com essa bagagem estimula os participantes que cada um/a desenvolve o seu próprio método de bioconstrução:
Use o que lhe agrada, reciclados que você gosta de olhar cada dia!
Fala que por exemplo curte ciclismo e por isso incorporou em alguns paredes elementos metálicos e rodas descartados de bicicletas.
Foi para isso que fui chamada


Marlene Molina Soto convence com sua introdução rápida na Bioconstrução e Pemacultura
Misturando teoria e muita prática, Marlene interage com os participantes do seu curso repassando e compartilhando o que ela coloca em prática todo o dia na sua própria casa. Quem quer morar completamente individualizado, respeitando a natureza ao máximo, deve seguir uns princípios que a Pemacultura também preza e enfatiza:
"Socializar é a chave para tudo!"
Fala: "Junto nas minha experiências a tecnologia que me permite um olhar renovado sobre a sabedoria e técnicas ancestrais de trabalhar com a terra. Respeito o lugar onde eu habito e as possibilidades que ele me dá. Trabalho muito bem todos os meus recusos, tanto as financeiras quento os educativos, sempre pensando no bem estar de todos nós, em não destruir, disfrutar e compartilhar." Do compartilhar vem seu veio forte de educadora. Chama o que faz de pemacultura feminina, já que usa fortemente sua intuição.
E continua:
"Ensino as pessoas sobre a libertação pessoal desde uma nova relação com a terra, recuperando práticas ancestrais como a Bioconstrução, desde a tecnología dum olhar holístico e a cultura digital como suporte."




Essas fibras que ficam parte do ano sobmersos nos igarapés, limpas são misturadas ao barro
Aprendendo, pesquisando, experimentando, Marlene se adaptou muito bem as condições nada fáceis da Amazônia onde fincou tão fortemente pé. As paredes de barro da sua casa já tem vários anos e não mostram nem rachaduras nem infiltrações. Ao contrário de outras maneiras de construir com barro que levantem paredes sustentados por pau a pique, dão sustentação ao barro com capim, usam as tecnicas de adobe, um tipo de tijolos compactados na própria construção, e incorporam por exemplo óleo de linhaça que funciona muito bem em outros lugares do Brasil, mas aqui atraem insetos indesejados, ela opta para o regional. Acabou de cavar uma fossa ecológica para um banheiro acessível e usa o barro que tirou para misturar com fibras aquáticas que retira do igarapé que secou com as baixas da água. Pode ser que lá é a chave para obter uma parde lisa e resistente contra a humidade altíssima daqui. Também é bem pragmárica e não condena nada que lhe poderia servir. Usa por exemplo cimento para dar mais durabilidades às suas paredes. Usa esse cimento em doses homoepáticas, mas usa.


Essa pedra virará pó que por sua vez se transforma em pigmento.
Que tal triturar terra pedrificada, carvão ou outros materiais que o terreno oferece, para dar tonalidades suaves às paredes? Paredes que sobem em camadas e mais camadas colocadas uma sobre a outra, cada vez mais finas e sofisticadas. A última também é impermeabilizado. Aqui entrem dois materiais que ela não consegue obter da própria terra - areia grossa e fina. As areias juntam-se ào barro e à goma de tapioca!!! Outro ingrediente totalmente local, diluída e cozida como ela fosse acrescentada ao tacacá e claro, algum tipo de pigmento. Pode ser essa pedra que ela vai moer, carvão ou outra coisa que a sua intiução lhe permite de experimentar. O resultado ela chama de geotintas.
Para terminar a dica da Marlene:
"Não conheço nada melhor para encontrar-se si mesmo, centrar-se e conectar-se com a terra e o universo do que trabalhar e morar em barro! "


A fossa ecológica ainda em processo de construção liberou essa terra que será peneirada, misturada com as fibras, a proporção é de mais ou menos 10% de fibra, aguada, misturada, compactada para depois poder ser usado para formar uma parede.















